-Texto de Renan Truffi - iG São Paulo
Após muita confusão na concentração, os manifestantes iniciaram a passeata por volta das 18h30 saindo do Theatro Municipal em direção à avenida Paulista, pegando a Barão de Itapetininga e a rua da Consolação. Para tentar impedir que os manifestantes tomassem o sentido centro da rua da Consolação, os policiais dispararam balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo. Houve correria e os grupos se dispersaram para a rua Augusta e para a Praça Roosevelt, onde ocorreram novos confrontos.
O estudante de geografia Tiago Gomes disse que ficou mais de quatro horas detido por ter vinagre na mochila. “O vinagre era para tentar me proteger do gás lacrimogêneo”, disse o rapaz, que nos outros três protestos promovidos pelo Movimento Passe Livre (MPL) foi atingido pelas bombas com a substância lançadas pela polícia. Levado para a delegacia no final da tarde, ele só pode sair depois das 20h.
Morador do Capão Redondo, periferia da zona sul paulistana, Jhonilton Sousa disse que foi abordado no Largo São Francisco por policiais militares. Ao revistarem a mochila do jovem de 22 anos encontraram um cartaz de cartolina contra o aumento das passagens e uma jaqueta do movimento punk, com o símbolo da anarquia. “Ai ele disse: a não, anarquia, não. E me levou preso”, relatou o jovem, que ficou mais de três horas na delegacia.
A história é semelhante da contada pelo jornalista Marcel Buono, de 23 anos. Ao chegar na Estação Anhagabaú do Metrô ele foi abordado por policiais. “Logo na saída tinha uma fileira de policiais fazendo revista”, disse. Os PMs encontraram na mochila uma câmera de vídeo que o rapaz pretendia usar para filmar o protesto para um blog de cobertura colaborativa montado com amigos. Macel disse que os policiais foram truculentos na abordagem. “Colocaram dentro do ônibus [para levar para a delegacia] e tinha que sentar em cima da mão. Disseram que se tirasse a mão ia ser encarado como uma agressão”, relatou o jovem, que também só foi liberado após as 20h.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) descartou novamente nesta quinta-feira (13) a possibilidade de reduzir as tarifas de ônibus, trens e Metrô pelos próximos 45 dias no Estado, conforme sugestão feita pelo Ministério Público, por intermédio do promotor de Habitação e Urbanismo, Maurício Lopes. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, pediu à Polícia Federal que acompanhe os protestos e ofereceu ajuda ao governo do Estado.
Em nota, a Anistia Internacional pediu uma solução pacífica para os protestos. A organização representa mais de 3 milhões de membros e ativistas que atuam globalmente para proteger os direitos humanos.
Na última terça-feira, cerca de 10 mil manifestantes protestaram nas regiões da avenida Paulista e no centro de São Paulo . Segundo a polícia, houve ao menos 20 prisões e três policiais foram feridos. Cinco agências bancárias foram depredadas e vários ônibus foram pichados e quebrados. Os manifestantes acusam os policiais de agressões e prisões indevidas.
-Texto de Renan Truffi - iG São Paulo
"São manifestantes, perigosos, estão armados, estão quebrando tudo, pau neles!" |